Em abril, observamos um movimento expressivo de abertura nas taxas de juros ao redor do mundo, em boa parte
provocada, por novas leituras de inflação acima do esperado tanto no CPI quanto no PCE dos EUA. Em resposta a
esse e outros dados mostrando uma atividade aquecida, além de declarações dos membros do comitê de política
monetária do país, a expectativa do mercado pelo início da redução das taxas de juros no país foi postergada. Com
isso, as taxas de juros das Treasuries (títulos da dívida pública norte-americanos) de médio e longo prazo tiveram
aumentos relevantes, se afastando do otimismo presente no final de 2023. Sendo a taxa da Treasury de 10 anos
uma proxy para a taxa de juros livre de risco, tal movimento impactou ativos em todo o mundo, incluindo a curva
de juros brasileira.
Com os últimos acontecimentos no cenário macro global e local, tudo indica que estamos nos aproximando do
fim do ciclo de corte de juros no Brasil. Mesmo com uma Selic que terá dificuldades de ficar muito abaixo dos 10%
ao ano, a renda fixa pós fixada vai perdendo gradativamente sua atratividade nos meses a frente, principalmente nas carteiras Moderada e Sofisticada, com um retorno esperado abaixo de diversas outras classes de ativos.
Os spreads de crédito em CDI estão em níveis historicamente baixos, principalmente os de melhor qualidade de
crédito (high grade), enquanto os emissores mais arriscados ou os créditos estruturados (high yield) parecem oferecer melhores taxas de carrego, exigindo, entretanto, maior seletividade.
Gostamos de manter uma parcela expressiva da alocação na classe de ativo atrelada à inflação, podendo ser via
fundos e/ou títulos indexados em IPCA+, nossa preferência. Existem diversas opções de instrumentos que podem
oferecer isenção de IR, aumentando ainda mais o retorno esperado dessa parcela do portfólio. Devido à recente
precificação dos riscos acima descritos no cenário macroeconômico, as taxas dos títulos públicos voltaram a
ficar em patamares ainda mais atrativos, tendo os vencimentos intermediários (2028 e 2030) ficado mais atrativos
também pelo maior aumento da inflação implícita. Ainda é possível identificar algumas oportunidades em crédito
privado, mesmo com os spreads estando um pouco acima da média histórica.
Maiores riscos globais e locais voltaram a embutir prêmio na curva de juros, principalmente nos vencimentos mais
longos. O atual cenário requer um posicionamento mais cauteloso e oportunístico em títulos prefixados, principalmente quando se trata de papéis de vencimentos mais longos. As taxas dos títulos públicos com vencimentos
mais curtos (até 2 anos), nossa preferência, ficaram mais atrativas e podem indicar bom ponto de entrada.